Saiba por que ela deve ser parte fundamental na grade escolar
Falar de educação financeira também é falar de cidadania e inclusão. Como causa e consequência das discussões sobre finanças, observamos nos últimos anos uma expansão do acesso a serviços financeiros mais complexos – um fenômeno que os economistas chamam de “financial deepening”. Muitas escolas entram na vanguarda com a inclusão da educação financeira em suas grades curriculares.
Mas você sabe como reforçar o que é aprendido em sala de aula? Preparamos 8 dicas que te ajudam a tratar este assunto com leveza e seriedade em casa:
1. Esclareça a diferença entre o que se quer e o que se precisa.
Necessidade é diferente de desejo. As crianças têm uma espontaneidade genuína e recebem constante estímulos para o consumo. Assim, a tendência é buscar a satisfação dos seus desejos constantemente.
E aqui entra o papel dos pais, na explicação do que é necessário e o que é supérfluo. É necessário ter o mesmo par de tênis em cores diferentes? As peças precisam ter uma determinada marca? Entendendo que vivemos bem apenas com o que é necessário, fica mais fácil poupar para o futuro.
2. Estimule o desapego de bens materiais
Os bens materiais são passageiros. E isso só se aprender quando se aprende o desapego. De itens antigos, brinquedos que não são mais utilizados, roupas que não cabem mais... Este exercício permite que se dê mais valor às experiências e sentimentos do que às posses.
Importante destacar que o consumo consciente deve estar presente neste contexto. Reaproveitar brinquedos e roupas que aparentemente não tem mais utilidade estimula a criatividade e reforça experiências importantes para o crescimento dos pequenos. A doação também faz parte deste processo!
3. Explore os benefícios da educação financeira enquanto crianças e na vida adulta
As crianças gostam de entender (e ser convencidas) da utilidade de determinadas ações que passam a fazer parte da sua rotina. Assim, é importante explicar a utilidade da educação financeira enquanto crianças, adolescentes e na vida adulta e o que ganham com isso.
As conquistas no meio do caminho são importantes também. Estabeleça metas que serão conquistadas ao longo do caminho com a economia ou poupando dinheiro como a compra de um brinquedo, por exemplo.
4. Insira a importância de poupar em todo o contexto da sua rotina
Mesmo que a primeiro momento pareça enfadonho e repetitivo para os filhos, é uma tendencia que o mais importante sempre fique armazenado na memória.
Assim, a conversa sobre poupar deve ser constante e fazer parte de todo o contexto da família. Como consequência, naturalmente ela passa a adquirir consciência na hora de consumir, além de economizar.
5. Imponha limites
É comum que crianças peçam o temo todo itens que lhe despertam o desejo: alimentos, brinquedos, passeios e jogos, a lista não tem fim. O papel dos pais neste contexto é ensinar os seus filhos a entender a importância e necessidade do planejamento e organização financeira, auxiliando-os a priorizar o que é mais importante. Impor limites fará toda a diferença para que compreendam o valor do dinheiro e o impacto disso no futuro.
6. Implante o sistema de mesada
É fato: a mesada estimula a disciplina de poupar e a organização financeira ainda na infância, já que aprende, desde cedo, a administrar seu dinheiro e tomar decisões.
Porém, a mesada precisa vir com o pensamento de prática, formação do cidadão e união: os pais, ao invés de se preocuparem com o valor ideal, precisam encontrar a forma ideal de utilizar a ferramenta dentro de um conceito de aprendizado.
O conceito de poupar para o futuro também deve ser trabalhado com a mesada. Mostre para a criança que se ela guardar sua mesada por mais tempo, poderá adquirir um bem melhor e de maior valor mais à frente, por exemplo.
7. Seja o verdadeiro exemplo
Esta talvez seja a dica mais importante de todas. O exemplo vale mais do que dinheiro e os filhos só praticarão os ensinamentos sobre educação financeira aprendidos na escola e com os seus pais, se tiverem um exemplo dentro de casa.
Evite deixar de pagar contas, comprar itens desnecessários ou reclamar sobre gastos, estimulando a construção de um modelo financeiro positivo.
Por que o tema se popularizou tanto?
Esse tema certamente já passou pela sua “timeline”. Diante do interesse crescente pelo assunto “educação financeira” nos últimos anos, surgiu um novo tipo de “influencer”: aquele que fala sobre dinheiro. Nas plataformas de vídeo, os maiores canais de finanças somam milhões de inscritos e centenas de milhões de visualizações. Mas a discussão vai além das redes sociais, mobilizando empresas de diversos setores, entidades da sociedade civil e ações governamentais. Até as instituições financeiras, quem diria, passaram a promover campanhas sobre o uso consciente do dinheiro e do crédito.
Estava mais do que na hora disso acontecer. Somos um país com 40% da população adulta negativada – ou, como se diz por aí, com o “nome sujo”. Isso representa mais de 60 milhões de consumidores. A culpa é da crise? Apenas em parte já que a quantidade de inadimplentes tem se mantido elevado desde muito antes da pandemia.
O reflexo de uma geração sem educação financeira
Entre os adultos na faixa etária de 30 a 40 anos, a proporção de negativados chega a superar os 50%. Como evitar que as futuras gerações repitam esse padrão? Desde 2005, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) recomenda que a “[e]ducação financeira deveria começar o mais cedo possível e ser ensinada nas escolas”.
No Brasil, a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), criada em 2010, vem testando programas de educação financeira nas escolas do ensino básico. De acordo com o Banco Central, os programas pilotos mostraram resultados positivos de impacto sobre o comportamento financeiro dos alunos.
Um desses programas, o Aprender Valor, foi recentemente ampliado pelo Banco Central e poderá atingir cerca 22 milhões de alunos do ensino fundamental.
Iniciativas como essa são, mais do que bem-vindas, necessárias. No quesito de letramento financeiro, segundo dados do exame PISA 2018, os jovens brasileiros tiveram um desempenho abaixo da média dos países da OCDE.
Saber avaliar as condições de um empréstimo; conhecer diferentes modalidades de investimento; identificar golpes financeiros; evitar as armadilhas do consumo – tudo isso faz parte do escopo da educação financeira. Mas a disciplina propõe ainda mais: uma reflexão sobre como as decisões do presente impactam a conquista dos nossos objetivos no futuro. É diante desses objetivos que as boas práticas de gestão financeira ganham um significado maior.
Por que a educação financeira deve fazer parte da grade escolar?
A perda do controle financeiro sinalizada pela inadimplência tira o sono e poda os sonhos. Em alguns casos, pode comprometer até o convívio familiar. Para além da dimensão pessoal, também existe a dimensão econômica do problema, refletida no encarecimento do crédito e na restrição do acesso a empréstimos e financiamentos.
O conhecimento é a chave para o indivíduo consiga transitar nesse novo mundo de possibilidades, pavimentando o caminho para a realização dos seus sonhos. Mais do que nunca, precisamos falar sobre educação financeira. E este processo começa nas escolas. Quando se introduz desde cedo assuntos financeiros na vida das crianças, elas aprendem a colaborar com a saúde do orçamento familiar e a lidar bem com as finanças no futuro.